GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.
1805 / 1808
Data aproximadaNo início do século XIX, escravizados fugitivos das fazendas próximas à Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Alferes, atual cidade de Paty do Alferes, organizaram um quilombo nas matas da região. Estima-se que o primeiro quilombo da região tenha se formado por volta de 1805. O Quilombo de Paty de Alferes se tornou uma ameaça aos moradores e às autoridades locais pelos recorrentes ataques feitos às propriedades da região. No ano de 1808 são emitidas ordens para destruir o quilombo. No entanto, não é de conhecimento o sucesso dos movimentos de repressão.
A resistência escrava foi uma resposta constante a escravidão. Houve muitas formas de resistir no Brasil, mas as fugas e a formação de comunidades pretas eram as que mais ameaçavam as autoridades locais. A formação de quilombos, que partia dessas fugas escravas, demonstrava a consciência dos pretos sobre a realidade em que estavam inseridos. Os quilombolas, por via de regra, possuíam roças, mantinham relações com os comerciantes locais e cometiam crimes, como saques em propriedades e assassinatos.
No ano de 1808, foram expedidas ordens para pôr fim aos quilombos de várias regiões da Capitania do Rio de Janeiro e a região da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Alferes foi uma delas. O quilombo formado naquela região ameaçava os moradores da vila que exigiam uma ação imediata das autoridades.
A repressão podia envolver tanto a população local e capitães do mato com expedições próprias como a solicitação de soldados. Alguns casos eram usados nativos por conhecerem as florestas da região. Os invasores ao obterem sucesso sobre os rebeldes queimavam suas roças, casas e capturavam os rebeldes, o costume era devolvê-los aos respectivos donos.
Não há outros documentos sobre o Quilombo de Paty de Alferes até o momento, assim não se conhece em detalhes o processo de formação do quilombo, tampouco a repressão ocorrida após o resultado da expedição em 1808.
Os quilombos eram respostas às severas condições impostas aos escravizados. As incursões de tropas e de capitães-do-mato poderiam pôr fim a algumas comunidades, mas, enquanto o sistema escravocrata os explorasse, a resposta viria cada vez mais violenta.
(Richard Enbel, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)
(Moisés Bernardo, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)
Cerca de 3 anos de duração
GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.
GOMES, Flávio dos Santos. “Uma tradição rebelde: notas sobre os quilombos na capitania do Rio de Janeiro (1625-1818)”. Revista Afro Ásia, Salvador, v. 17, 1996.
Sem Nome, "Quilombo de Paty Alferes". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/quilombo-de-paty-alferes/. Publicado em: 20 de maio de 2022.