Revoltas

Quilombo de Macaé

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Macaé

Início / fim

1808 / setembro de 1808

Data aproximada

Durante o século XVIII, escravizados fugitivos das fazendas próximas à Vila de Macaé organizaram um conjunto de quilombos nas matas da região. Estima-se que esses primeiros quilombos tenham se formado por volta de 1790. O Quilombo de Macaé tornou-se uma ameaça aos moradores e às autoridades locais pelos recorrentes assaltos feitos às propriedades da região. No ano de 1808, foram realizadas expedições para reprimir os acampamentos, as investidas resultaram na captura de um grupo de escravizados, entre eles: homens, mulheres e crianças. No entanto pressupõe-se que a resistência não foi derrotada uma vez que as ordens de destruição permaneceram.

A resistência escrava foi uma resposta constante a escravidão. Houve muitas formas de resistir no Brasil, mas as fugas e a formação de comunidades pretas eram as que mais ameaçavam as autoridades locais. A formação de quilombos, que partia dessas fugas escravas, demonstrava a consciência dos pretos sobre a realidade em que estavam inseridos. Os quilombolas, por via de regra, possuíam roças, mantinham relações com os comerciantes locais e cometiam crimes, como saques em propriedades e assassinatos.

Durante o mês de setembro de 1808, o Quilombo de Macaé foi atacado por uma expedição que resultou na captura de 40 pretos, englobando neste grupo crianças, homens e mulheres. O Intendente da polícia Fernandes Viana informou a Rodrigo de Sousa Coutinho, Ministro da Guerra e dos Estrangeiros, as dificuldades que as serras apresentavam para a repressão aos quilombos.

A repressão podia envolver tanto a população local e capitães do mato com expedições próprias como a solicitação de soldados. Alguns casos eram usados nativos por conhecerem as florestas da região. Os invasores ao obterem sucesso sobre os rebeldes queimavam suas roças, casas e capturavam os rebeldes, o costume era devolvê-los aos respectivos donos.

Essas não foram as primeiras tentativas e nem a última já que era de conhecimento das autoridades o fracasso das expedições anteriores. Após esse episódio, foi ordenado que houvessem novas investidas contra os quilombos.

Não há outros documentos sobre o Quilombo de Macaé até o momento, assim não se conhece em detalhes o processo de formação do quilombo, tampouco a repressão ocorrida após o resultado da expedição em 1808.

Os quilombos eram respostas às severas condições impostas aos escravizados. As incursões de tropas e de capitães-do-mato poderiam pôr fim a algumas comunidades, mas, enquanto o sistema escravocrata os explorasse, a resposta viria cada vez mais violenta.

Richard Enbel

graduado no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021

Moisés Bernardo

graduado no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021

Ações de protesto não-violentas

  • Desobediência
  • Formação de comunidade independente
  • Roubo de comida
  • Roubo de pessoas

Ações de protesto violentas

  • Ataques Noturnos
  • Saques a casas e armazéns
  • Sequestro de bens

Repressão

Contenção

  • Capitães do mato
  • Expedição armada ou repressão militar

Punição

  • Não informadas

Bibliografia Básica

GOMES, Flávio dos Santos. “Uma tradição rebelde: notas sobre os quilombos na capitania do Rio de Janeiro (1625-1818)”. Revista Afro Ásia, Salvador, v. 17, 1996.

GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.

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Como Citar

Sem Nome, "Quilombo de Macaé". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/quilombo-de-macae-2/. Publicado em: 22 de janeiro de 2025.