Revoltas

Motim para a fundação de uma Junta provisória

Capitania de Pernambuco (1534 – 1821)Recife | Olinda | Ponte da Boa Vista | Goiana (PE)

Início / fim

1821 / 1821

Retrato de Luís do Rego. O general esteve à frente de Pernambuco em uma das épocas mais conturbadas da província, tendo experimentado as consequências da revolução de 1817, uma tentativa de assassinato e a oposição dos brasileiros emancipacionistas juntamente com portugueses anti-absolutistas - Acervo Biblioteca Digital Luso-Brasileira

No contexto das disputas entre partidários da emancipação brasileira contra aqueles que declararam apoio às Cortes de Portugal, o governador Luís do Rego Barreto ficava no meio, seu absolutismo sendo criticado de ambos os lados. Atacado constantemente, estava sob dupla mira. Após haver descoberto um complô que visava sua queda do poder e ter sofrido uma tentativa de assassinato, teve de enfrentar uma tropa que marchou sobre Goiana no dia 29 de agosto de 1821.

Instalado em Recife, o governador não pôde impedir a formação de uma junta de governo provisório, subordinada ao rei Dom João VI e às cortes de Portugal. A escolha de Goiana foi estratégica: seu principal benefício era a facilidade de comunicação com o exterior sem depender do porto recifense.

No dia 21 de agosto, dois portos foram simultaneamente atacados pelos rebeldes: Olinda e Afogados. As tropas de Luís do Rego foram as mais afetadas nestas disputas, e os insurgentes não pararam de atacar: cortaram ao meio a ponte de madeira que separava os bairros Santo Antônio e Boa Vista. Em Recife, o medo de um ataque iminente assustava os moradores, que em ondas de insegurança fechavam repentinamente seus negócios e esvaziavam as ruas. Nem nas tropas locais podiam confiar inteiramente, já que vez ou outra um soldado desertava e ia integrar o movimento rebelde.

No dia 5 de outubro foi assinado um armistício, que separava as zonas da província sobre as quais cada parte ficaria responsável. Com pouca resistência, o acordo que ficou conhecido como Tratado de Beberibe, por ter sido assinado nesta povoação, selou relativa paz em Pernambuco.

Eleições foram convocadas e finalmente os pernambucanos conseguiram tirar Luís do Rego de seu posto, ele que havia entrado no conturbado contexto da Revolução de 1817 e acabou saindo no mais complicado ainda contexto nacional da guerra de independência. A sua saída marcou o fim do poder absolutista em Pernambuco, tendência que se espalharia pelo país com cada vez mais força a partir do ano seguinte, com a declaração de independência de Portugal.

O complexo processo de emancipação brasileiro passou por diversas batalhas regionais, que envolveram disputas sociais, militares e políticas que não se restringiram à Corte do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Tampouco se encerraram com o “grito do Ipiranga” em setembro de 1822.

Disputas importantes ocorreram em províncias mais afastadas, como a formação do popular Exército Libertador, o cerco às tropas portuguesas na Bahia em 1823 e, no mesmo ano, a batalha às margens do rio Jenipapo no Piauí, que juntou as forças locais às cearenses e maranhenses. No entanto, é apenas em 1825 e depois de muitas colisões entre os dois lados que Portugal finalmente reconhece a derrota por meio do Tratado de Paz, Amizade e Aliança.

Grupos sociais

Autoridades

Ações de protesto não-violentas

  • Convocação Forçada de militares
  • Desobediência

Ações de protesto violentas

  • Agressão de Autoridade
  • Assuada
  • Destruição de propriedade

Repressão

Contenção

  • Não informadas

Punição

  • Não informadas

Bibliografia Básica

GOMES CABRAL, Flavio José. Os efeitos da notícia da revolução liberal do Porto na província de Pernambuco e a crise do sistema colonial no nordeste do Brasil (1820-1821). Fronteras de la historia, v. 11, 2006, p. 389-413.

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Como Citar

Sem Nome, "Motim para a fundação de uma Junta provisória". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/motim-para-a-fundacao-de-uma-junta-provisoria/. Publicado em: 22 de janeiro de 2025.