Revoltas

Revolta do Rio do Peixe

Capitania de São Paulo e Minas de Ouro (1709 – 1720)Rio do Peixe

Início / fim

1711 / 1714

Data aproximada
Rio do Peixe, em Minas Gerais. Foto: Marcelo Santos

No ano de 1711, o sertanista paulista Geraldo Domingues se recusou a ceder para a Coroa Portuguesa parte das  terras minerais que havia descoberto ao redor do Rio do Peixe, na atual região de Alvorada de Minas em Minas Gerais. Por esse motivo, o guarda-mor Coronel Manuel Corrêa Arzão foi enviado para a região recém descoberta a fim de preservar as diretrizes do Regimento dos Superintendentes e Guarda-mores, assim como garantir  os rendimentos da Fazenda Real. Esta intervenção gerou um conflito armado entre Arzão, chefe da Companhia das Ordenanças do distrito, e o sertanista paulista. Rebeldes às leis da Coroa que regulavam a distribuição das terras de mineração, Geraldo Domingues e seus aliados tumultuaram a região em sua etapa inicial de conquista. 

As minas do Serro do Frio foram descobertas no dia 14 de março de 1702 e então registradas no Livro da Fazenda Real destas Minas do Serro do Frio e Tucambira, documento que oficializa o achado. Após a descoberta das minas, o processo colonizador teve início com a expulsão dos povos originários, combinada com a exploração do cativeiro indígena, e a entrada de mão de obra escrava africana por meio do tráfico transatlântico. 

As minas da região do Rio do Peixe, localizadas a cerca de 18km do arraial do Serro do Frio, foram descobertas pouco depois. Em 1710, o bandeirante Geraldo Domingues percorreu a região em direção ao sul do Rio do Peixe, ali se estabeleceu e descobriu ouro em alguns trechos do rio . O sertanista tinha direito de demarcar apenas as duas primeiras 30 braças de terras à beira do rio, cerca de 4.300 metros quadrados, e a terceira lavra deveria ser entregue à Coroa por ordem do Regimento, o que Domingues não fez. O sertanista foi denunciado ao governador em Vila Rica, pois estaria causando danos aos cofres da Coroa Portuguesa, restringindo o acesso às terras de mineração e impedindo a expansão da produção de ouro.

Algumas informações sobre a designada Revolta do Rio do Peixe podem ser encontradas no livro Memória sobre o Serro Antigo, de Dario Augusto Ferreira da Silva, de 1928. De acordo com relatos ali publicados, o guarda-mor Manuel Corrêa Arzão foi enviado para as terras do Rio do Peixe a fim de averiguar a denúncia, de forma a garantir os rendimentos da Fazenda Real. Como resultado, Geraldo Domingues reagiu a essa intervenção, provocando um conflito armado entre o seu grupo, que continha mineiros paulistas, baianos e seus escravos, contra o grupo que acompanhou Manuel Corrêa.

O governador da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, mandou que Garcia Roiz e seus soldados prendessem Domingues e os revoltosos que com ele estavam por desobediência civil na cadeia do arraial do Serro do Frio. Não há informações sobre quantos dias ou meses durou o confronto e nem mesmo o número de mortos.  

É possível que a elevação do arraial do Serro do Frio à Vila do Príncipe em 1714, tenha sido uma consequência da revolta, como uma forma de ampliar os mecanismos de controle social e político na região após a instabilidade política acontecida. Também em 1714, o guarda-mor coronel Manuel Corrêa Arzão foi promovido à capitão-mor das ordenanças da Vila do Príncipe e reconhecido como um dos primeiros descobridores das minas do Serro do Frio. 

Por sua vez, o bandeirante paulista Geraldo Rodrigues entrou com um pedido de soltura e anistia e, pouco tempo depois, ele e seus companheiros estavam livres. Apesar do conflito, o bandeirante manteve uma reputação de “homem bom” por sua bravura e coragem, além de ter ganhado uma reputação de ser negociador habilidoso. Com isso, em 1714, tornou-se o primeiro juiz ordinário da câmara da Vila do Príncipe e, no ano seguinte, o novo governador da capitania Dom Brás Baltazar da Silveira concedeu anistia a todos que participaram do conflito no Rio do Peixe.

(Wictória Peixoto, graduanda no curso de História da Universidade Federal Fluminense, bolsista PIBIC – CNPq)

Grupos sociais

Lideranças

Ações de protesto não-violentas

  • Desobediência

Ações de protesto violentas

  • Mobilização de escravos armados

Repressão

Contenção

  • Expedição armada ou repressão militar
  • Prisões

Punição

  • Envio de presos para vila
  • Prisão

Instâncias Administrativas

  • Governador da Capitania
  • Guarda-mor

Bibliografia Básica

BRISKIEVICZ, Danilo. A revolta do rio do peixe e seu gesto pedagógico colonial, Minas do Serro do Frio/MG, 1711-1715. Fênix – Revista De História E Estudos Culturais. vol. 18, 2021. Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG. p. 490-508.

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