Os conflitos entre separatistas e conservadores, no contexto da emancipação brasileira, não ficaram restritos aos espaços políticos nem às batalhas militares. Eles também se refletiam na esfera social, com perseguições e linchamentos. Um exemplo claro é o caso de perseguição ao cabo de milícias Melquiades José Dias Macieira pelas ruas do Caquende, em Salvador, Bahia.
O que parecia ser um dia normal para este cabo se transformou em uma situação de ameaça à sua vida: um grupo de nove pessoas, ao identificá-lo como português, correu em sua direção gritando “mata que é maroto! ”. O adjetivo, de conotação bastante pejorativa foi dado por brasileiros a lusitanos como forma de xingamento. Ser reconhecido como “maroto”, dependendo do local onde a pessoa se encontrava, poderia significar morte.
Melquiades procurou seus companheiros portugueses para proteção, e conseguiu. Alguns integrantes do grupo de amotinados, que era composto por 5 militares, 4 paisanos e 1 miliciano, foram presos, mas outros conseguiram fugir.
O complexo processo de emancipação brasileiro passou por diversas batalhas regionais, que envolveram disputas sociais, militares e políticas que não se restringiram à Corte do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Tampouco se encerraram com o “grito do Ipiranga” em setembro de 1822.
Disputas importantes ocorreram em províncias mais afastadas, como a formação do popular Exército Libertador, o cerco às tropas portuguesas na Bahia em 1823 e, no mesmo ano, a batalha às margens do rio Jenipapo no Piauí, que juntou as forças locais às cearenses e maranhenses. No entanto, é apenas em 1825 e depois de muitas colisões entre os dois lados que Portugal finalmente reconhece a derrota por meio do Tratado de Paz, Amizade e Aliança.
Antecedentes
Independência do Brasil.
Conjuntura e contexto
Antilusitanismo que emergiu de forma significativa no contexto da independência do Brasil.