Revoltas

Quilombo de Parati

Capitania Real do Rio de Janeiro (1567 – 1821)Parati

Início / fim

1750 / 1813

Data aproximada

Em meados do século XVIII, escravizados fugitivos das fazendas próximas à Vila de Paraty organizaram um quilombo nas matas da região. O Quilombo de Paraty se tornou uma ameaça aos moradores e às autoridades locais pelos recorrentes roubos feitos às propriedades da região. No mês de maio de 1762 foram emitidas as primeiras ordens para acabar com o quilombo, no entanto, não obtiveram sucesso já que novas expedições foram organizadas posteriormente. Em 1813, tem-se o último registro de uma expedição para acabar com o Quilombo de Paraty.

A Vila de Paraty, no decorrer do século XVII, destacava-se pela produção de açúcar e pelos numerosos engenhos e destilarias para o comércio de cachaça da região. A quantidade de escravizados africanos aumentava proporcionalmente às demandas da produção agrícola. A realidade do trabalho escravo, caracterizada pela intensa jornada nas lavouras, frequentes castigos e alimentação escassa, impulsionaram as fugas destes pretos e a formação de comunidades quilombolas.

A resistência dos escravizados foi uma resposta constante à escravidão. Houve muitas formas de resistir no Brasil, mas as fugas e a formação de comunidades pretas eram as que mais ameaçavam as autoridades locais. Os quilombolas possuíam roças, mantinham relações com os comerciantes locais e cometiam crimes, como saques em propriedades e assassinatos como os citados na correspondência.

Infelizmente, não se conhecem ainda, de acordo com as fontes disponíveis, detalhes do processo de formação do Quilombo de Parari. É apontado que por volta de meados do século XVIII, o quilombo já ameaçava os moradores da vila e proprietários da região. Por causa disso, em maio de 1762 as autoridades locais promoveram uma expedição para destruir o Quilombo de Paraty.

A repressão aos quilombos era feita por expedições militares, organizadas pelas autoridades locais e auxiliadas por senhores de escravos da região. Em alguns casos eram usados nativos por conhecerem as florestas da região. Os soldados, ao obterem sucesso sobre os quilombolas, queimavam suas roças, casas e os capturavam. O costume era devolvê-los aos respectivos donos ou utilizá-los como pagamentos aos soldados.

O resultado da expedição em 1762 não é claro nas fontes. O que se sabe é que o Quilombo de Paraty não deixou de existir, já que precisou ser organizado uma nova expedição, algumas décadas depois, em 1813. É possível que nesse intervalo, os quilombolas tenham se reorganizado e recomeçado a atuar naquela região, o que ocasionou essa nova expedição.

Os quilombos eram respostas às severas condições impostas aos escravizados. As incursões de tropas e de capitães-do-mato poderiam pôr fim a algumas comunidades, mas, enquanto o sistema escravocrata os explorasse, a resposta viria cada vez mais violenta.

(Richard Enbel, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

(Giovanna Wermelinger, graduanda no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)

Antecedentes

Fuga de escravizados das fazendas da região

Conjuntura e contexto

Utilização de mão de obra africana escravizada.

Números da Revolta

Aproximadamente Cerca de 51 anos de duração

Ações de protesto não-violentas

  • Desobediência
  • Formação de comunidade independente
  • Fuga de escravizados
  • Roubo de comida
  • Roubo de mulheres

Ações de protesto violentas

  • Ataques Noturnos
  • Sequestro de bens

Repressão

Contenção

  • Capitães do mato
  • Expedição armada ou repressão militar

Punição

  • Não informadas

Instâncias Administrativas

  • Governador

Bibliografia Básica

GOMES, Flávio dos Santos. “Uma tradição rebelde: notas sobre os quilombos na capitania do Rio de Janeiro (1625-1818)”. Revista Afro Ásia, Salvador, v. 17, 1996.

GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs – XVII – XIX). Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.

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