Revoltas

Revolta de Beckman

Capitania do Grão-Pará (1616 – 1821) | Capitania do Maranhão (1612-1640)São Luís, Maranhão

Início / fim

25 de fevereiro de 1684 / maio de 1685

Data aproximada
BECKMAN REFUGIADO NOS SERTÕES DO ALTO MEARIM. ANTÔNIO PARREIRAS, 1936. ÓLEO SOBRE TELA. MUSEU ANTONIO PARREIRAS - NITERÓI, RJ

“Saiu pela brecha por onde tinha entrado o monstruoso corpo daquela desordem’’. A frase dita por Bernardo Pereira de Berredo, historiador e administrador colonial português, representa a situação de desagrado com o governador Francisco de Sá Meneses, representante direto do governo metropolitano português, principalmente pelo descaso em relação à miséria em que se encontrava o Estado do Maranhão, e as medidas implementadas pelo Governador Geral, entre elas a implementação do monopólio comercial, conhecido como estanco, entre a Coroa a Companhia do Comércio do Maranhão, e a insatisfação com a proibição da escravização dos indígenas, diretamente relacionado com os jesuítas e suas missões, presentes no Estado.

Na véspera da procissão de Nosso Senhor dos Passos, liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, os rebeldes tomam a cidade de São Luís no dia 25 de Fevereiro de 1684 e uma vez no poder, instauram uma junta de governo composta por representantes dos três segmentos sociais, sendo eles os latifundiários, o clero e o povo. Após tomarem a cidade, com o tempo o movimento foi perdendo resistência e apoio por parte da população, revelando um lento e gradual desmanche do mesmo. Com a chegada do novo governador Gomes Freire de Andrade em Maio de 1685, amparado por fortes efetivos militares portugueses e pelo Ouvidor Manuel Vaz Nunes, é decretada a prisão e posterior execução dos principais líderes da revolta, Manuel Beckman e Jorge de Sampaio de Carvalho, e Tomás Beckman e Eugênio Ribeiro Maranhão são enviados a Lisboa e processados pela corte portuguesa. Ao final de 1685, a Revolta de Beckman tinha chegado ao fim.

Esse texto e as informações sobre o documento [Relação Histórica e Política Dos tumultos que sucederam na cidade de S. Luiz do Maranhão] disponíveis no site Impressões Rebeldes são de autoria de Bárbara Matos, David de Oliveira, Lara Ribeiro, Rafael Risi e Thiago Lima, alunos do curso de graduação em História da UFF. Trabalho realizado para a disciplina “Revoltas e Revoluções na Época Moderna: Europa e Brasil Colônia” no 1º semestre de 2014.

Antecedentes

Durante os anos de 1684 e 1685 a cidade de São Luís, no Maranhão, sediou a Revolta de Beckman. Liderada pelos donos de terras os irmãos Manuel e Tomás Beckman organizaram o conflito contra a presença dos Jesuítas e da Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará. Reivindicando a legalidade da escravização indígena os revoltosos: tomaram a cidade e o governo de Francisco de Sá e Meneses, expulsando os padres da Companhia de Jesus, prenderam o capitão-mor Balthazar Fernandes e promoveram uma junta de procuradores. No entanto a Companhia de Comércio não cumpriu com o acordo de fornecimento de escravizados africanos o que aumentando a precariedade de mão de obra. Os revoltosos enviaram Tomás Beckman para Lisboa a fim de denunciar ao Rei Pedro II de Portugal as questões da capitania. O rei na tentativa encerrar o conflito envia o um novo governador geral, Gomes Freire de Andrade, junto com 300 soldados e o desembargador Manuel Vaz Nunes. Ao desembarcar retoma o comando da capitania e ordena a prisão dos principais líderes. Manuel Beckman, Jorge Sampaio e Francisco Deiró foram condenados a morte natural. No entanto o outro irmão Beckman e Eugênio Ribeiro foram enviados junto para Portugal para serem sentenciados na Relação de Lisboa. Ambos foram degredados para Pernambuco. Com a derrota dos rebeldes Gomes Freire reinstalou os jesuítas e a Companhia de Comércio na capitania.

Conjuntura e contexto

Os moradores de São Luís, no Maranhão, foram proibidos pelas leis de 1655 e 1680 de escravizarem os indígenas. Ambas as leis garantiam a proteção dos nativos e a presença dos jesuítas afirmavam tal ação. No entanto a Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará tinha como acordo o fornecimento de escravizados africanos para sanar os embates entre os moradores e os padres da Companhia de Jesus. O descumprimento do acordo promoveu a revolta.

 

Grupos sociais

Autoridades

Lideranças

Réus e Condenados

Ações de protesto não-violentas

  • Desobediência

Ações de protesto violentas

  • Tomada da Capitania

Repressão

Contenção

  • Envio de autoridade
  • Prisões

Punição

  • Açoite e castigos público
  • Degredo / Desterro
  • Execução
  • Forca ou polé
  • Multa

Instâncias Administrativas

  • Governador da Capitania
  • Tribunal e Juízes de Portugal

Bibliografia Básica

CAETANO, Antônio Filipe Pereira. Entre Drogas E Cachaça: A Política Colonial E as Tensões Na América Portuguesa (Capitania Do Rio De Janeiro E Estado Do Maranhão E Grão-Pará, 1640-1710).UFPE, 2008.

CHAMBOULEYRON, Rafael. “Duplicados clamores” queixas e rebeliões na Amazônia colonial (século XVII). Projeto História, São Paulo, n.33, dez. 2006, p. 159-178.

COUTINHO, M. A Revolta De Bequimão. Instituto Geia, 2004.

FIGUEIREDO, Luciano. As Revoltas de Bacon (Virginia, 1676) e de Beckman (Maranhão, 1684): discursos sobre a justiça, processos de repressão e luta por direitos. In: BORGES, Eduardo; FLEXOR, Maria Helena Ochi; SEVERS, Suzana Maria de Souza Santos (Org.) Poderes identidades e sociedade na América portuguesa (c. século XVI-XVIII), 2017.

SANTOS, Fabiano Vilaça. Entre São Luís e Belém: um estudo da dinâmica de governo no Estado do Maranhão e Grão Pará (1673-1751). In: BORGES, Eduardo; FLEXOR, Maria Helena Ochi; SEVERS, Suzana Maria de Souza Santos (Org.) Poderes identidades e sociedade na América portuguesa (c. século XVI-XVIII). 2017.

Fontes impressas

BETENDORF, João Felipe. Chronica da Missão dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão (1698).Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 72.1. (Livro 4o. Levantamento do Povo do Maranhão e Pará contra os padres da Companhia de Jesus, em quanto se institue a missão do Rio das Amazonas com missionários e residência em os Tapajoz. p.158-243

MORAES, Francisco Teixeira de. Relação Histórica E Política Dos Tumultos Que Sucederam Na Cidade De S. Luiz Do Maranhão.RIHGB 40, no. 1ª parte (1692).

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