No ano de 1615, a esquadra neerlandesa de Joris Van Spilbergen realiza uma ofensiva contra Santos e São Vicente, com o objetivo de tomar o controle dessas vilas litorâneas. No entanto, uma resistência militar liderada por Sebastião Preto, comandante do regimento de Serra Acima, consegue repelir a esquadra e evitar a invasão.
A expedição de 6 naus saiu de Amsterdã no dia 8 de agosto de 1614 e, após diversas escalas, chega na baía de Santos em 17 de janeiro de 1615. Já no dia seguinte ocorre o primeiro contato com os portugueses que se encontravam na praia. Eles exigiam que os neerlandeses mandassem para terra apenas um bote com um homem para que explicasse os motivos e intenções da visita. Spielbergen envia João Hendriksz para essa função mas, ainda assim, a desconfiança dos colonos impediu o desembarque da esquadra em Santos.
No dia 19 de janeiro os portugueses pediram que os visitantes escrevessem uma carta ao governador expondo suas intenções, carta essa que foi colocada em uma estaca fincada na areia da praia. No dia seguinte, uma resposta ao pedido foi deixada no mesmo local pelos colonos, ambígua e sem clareza quanto à decisão. Os portugueses buscavam ganhar tempo para decidir o que seria feito e se o desembarque seria finalmente autorizado. O comandante holandês resolveu enviar homens para esclarecer os termos das negociações, mas não houve uma resposta efetiva do outro lado. Irritado com a demora, o comandante convoca o conselho de guerra, que decide pelo desembarque, mesmo sem autorização.
No dia 23 de janeiro de 1615, uma parte dos homens desembarca em São Vicente e ocupa um engenho abandonado. A outra segue para Santos e desembarca no dia seguinte, também ocupando um terreno vazio. É nesse momento que se iniciam conflitos armados com os colonos de Santos, que resistiam em terra junto com índios. Durante alguns dias, portugueses e holandeses trocaram flechas e tiros sem muito efeito.
Em 31 de janeiro com a chegada de reforço militar vindo da Vila de São Paulo de Piratininga, sob o comando de Sebastião Preto, a permanência holandesa em terras da América portuguesa passou a estar ameaçada. Neste dia, Spilbergen coordena uma expedição a um lagamar em Santos e, chegando até perto das montanhas, os holandeses são surpreendidos por colonos e índios armados. Estes já aguardavam uma possível ofensiva no local e não hesitaram em atacar os invasores, que recuaram às pressas para suas naus fundeadas na baía.
Joris Van Spilbergen, percebendo que não conseguiria firmar negócios proveitosos em Santos, parte com sua esquadra em 2 de fevereiro de 1615, seguindo seu caminho em direção ao Rio da Prata.
A região em que ocorreu esse motim, embora distante geograficamente do centro da capitania do Rio de Janeiro, estava sob sua jurisdição, e assim permaneceu até o ano de 1709, segundo consta a Carta Régia de 23 de novembro do mesmo ano.
(Giovanna Wermelinger, graduanda no curso de História da UFF e bolsista PIBIC – CNPq)
Antecedentes
Os neerlandeses sempre estiveram presentes na expansão colonial portuguesa na América, participando como sócio dos empreendimentos produtivos, no tráfico de africanos, financiamento e ainda na distribuição comercial. Eram conhecedores da cartografia e das rotas de navegação.
Conjuntura e contexto
Os neerlandeses, com a União Ibérica entre Espanha e Portugal (1580-1640), passam a atacar os domínios ultramarinos no Brasil em reação às limitações determinadas por Madri.