Rebeldes / Personalidade

Marielle Franco

  • Brasil

Biografia

Nascida e crescida no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, em 27 de julho de 1979, Marielle Francisco da Silva, conhecida como Marielle Franco, tornou-se a quinta vereadora mais votada da cidade nas eleições de 2016. Filha de Marinete Francisco e Antonio da Silva Neto, sua trajetória foi marcada pela militância em prol dos direitos humanos, iniciada a partir da entrada na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com bolsa de estudos no curso de Ciências Sociais, em 2002. 

Graduou-se em Ciências Sociais na mesma Universidade e obteve o título de mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense. Marielle viveu uma infância e juventude exercendo diversos trabalhos, desde vendedora ambulante à dançarina de funk e educadora infantil, convivendo com a violência e os confrontos nas comunidades da Maré, Zona Norte do RJ.

Apresentando-se orgulhosamente como “cria da Maré”, Marielle, mulher negra, mãe da Luyara, feminista, bissexual, defensora das camadas populares e ativista contra abusos policiais e violações aos direitos humanos, associou-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Ali deu início à sua carreira política como assessora parlamentar do deputado Marcelo Freixo, eleito à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) em 2006. A partir de então, passou a coordenar a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, onde prestou apoio jurídico e psicológico a policiais feridos durante o serviço e familiares de vítimas de homicídio. 

Tendo trabalhado desta maneira por aproximadamente 10 anos, a socióloga participou da sua primeira disputa eleitoral para vereadora na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2016, a qual venceu pela coligação entre PSOL e PCB (Partido Comunista Brasileiro), eleita com mais de 46 mil votos. Mari, como era chamada pelos mais próximos, foi extremamente ativa em seu mandato parlamentar na luta pelas classes populares, pelos direitos das mulheres, pela população LGBTQIA+ e contra a violência policial nas favelas. Apresentou 16 projetos de lei em 15 meses, voltados para a representação e os direitos básicos dos moradores das favelas, esquecidos por quem deveria representá-los. 

Atuando em cargos como o de presidente da Comissão de Defesa da Mulher e também de relatora da comissão responsável pelo monitoramento das ações das Forças Armadas que ocupavam as favelas do Rio de Janeiro, a socióloga declarava-se contra tais ações que intimidavam os moradores, expondo abertamente suas opiniões sobre o assunto e enfrentando a hegemonia presente no meio político.

Exercendo sua militância, entre denúncias de violências policiais e luta por direitos das minorias, em 14 de março de 2018, Marielle, junto à sua assessora e seu motorista Anderson Gomes, sofreram um atentado. Ela voltava de uma palestra realizada na Casa das Pretas, Lapa-RJ, sobre negritude, representatividade e feminismo, quando, ao deixarem o local, o carro em que estavam foi perseguido e foi alvo de diversos disparos de arma de fogo. Marielle, foi atingida por 3 tiros na cabeça e 1 no pescoço, e Anderson por 3 tiros nas costas. Sua assessora sobreviveu. 

Seu assassinato rapidamente causou comoção e indignação no Brasil e no mundo, com manifestações nas redes sociais e também nas ruas, assim como em homenagens prestadas em seu velório realizado na Câmara Municipal. O caso, veiculado por todos os meios de comunicação, entrou nos assuntos mais comentados da internet, demonstrando a revolta de uma população que se sentia representada por Marielle, população que cobra respostas e justiça até hoje, em 2023, pois o inquérito não ainda solucionado.

A hashtag MariellePresente foi um meio de reunir as indignações, repúdio, homenagens e também de honrar a memória da vereadora, cobrando as investigações policiais e se solidarizando com a família das vítimas. Mari também foi homenageada com uma estátua de bronze em tamanho real na praça Mário Lago, no centro do Rio de Janeiro. Próximo ao local, uma rua ganhou seu nome.

Marielle foi semente, pois vive até hoje através de seus projetos de lei aprovados, que trazem melhorias de vida para a população favelada, mas também pelo “Instituto Marielle Franco”, criado pela família da vereadora e dirigido por Anielle Franco, sua irmã e atual ministra da Igualdade Racial. A instituição destina-se a cobrar respostas sobre o caso e apoia politicamente mulheres, moradores das favelas e a população negra, promovendo ações como a Casa Marielle, na região central do Rio, e ajuda no combate ao Coronavírus através de coletivos periféricos parceiros. 

Ainda como forma ressignificar a data do assassinato da vereadora e seu motorista, além de homenageá-los, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um projeto de lei que, se aprovado, torna 14 de março o Dia Nacional Marielle Franco, com o propósito de enfrentar a violência racial, política, e de gênero. 

 

(Bianca Novais Cambruzzi, graduanda do curso de História da Universidade Federal Fluminense e bolsista do Programa Bolsa de Desenvolvimento Acadêmico)

 

Fontes de referência para esse texto:

CARDOSO, Elisa Manuela Ferreira.Movimento #MariellePresente em tempos de net-ativismo: as redes, a indignação e as lutas na afirmação da cidadania. 110 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020.

CHIARA, Lise. Narrativas e disputas de sentidos na mídia televisiva contemporânea: quem foi a Marielle Franco dos telejornais? 160 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Comunicação Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.

Nascimento

17/07/1979
Brasil

Revolta

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Como Citar

Sem Nome, "Marielle Franco". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/pessoa/marielle-franco/. Publicado em: 14 de março de 2023.

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