Portugal, ANTT, Casa Forte, 78, nº 11
Enquanto o regime colonial desmoronava, Portugal encontrava-se invadido pelos franceses e o Brasil, sediando a Corte portuguesa, se ajustava ao mercado internacional, com a abertura dos portos em 1808 e a criação de novas estruturas institucionais. A escravidão, intocada, provocava resistências ferozes, destacando-se o longo ciclo de conspirações e revoltas que ocorreram em Salvador e no recôncavo entre 1807 e 1835. No ano de 1814, ocorre no mês de fevereiro uma primeira conspiração escrava que questiona além dos limites urbanos, as condições da situação escravista em favor da liberdade, promovendo incêndios e mortes aos homens brancos, sem punições severas por parte do governo. Em junho as autoridades conseguiriam abortar a conspiração dos Hausssás.
“Joaquim José Correa Passos, homem branco Europeu, participou ao mesmo Advogado, que nesta cidade, estava para haver um grande Levante imprevisto, dos Negros Aussás, em cuja congregação entravam forros e cativos da mesma Nação (...)”
“(...) um dos seus Negros da Nação Aussá lhe participara, que (...) ouvira um Negro Aussá da sua vizinhança atrás convidado a dois para uma Guerra contra os Brancos desta cidade (...)”
(...) os desta confederação eram todos os Negros Aussás forros e cativos, tanto desta cidade como do Recôncavo, e que não havia nenhum que deixasse de ter notícia e de ser já convidado (...)”
“Que o seu escravo vira dez centos de ferrões embrulhados em panos em duas trouxas que foram para o mato para o preparo das flechas (...)”
“(...) os Negros ganhadores do canto do cais da Cachoeira, os do Cais Dourado, Corpo Santo, eram os principais cabeças desta sedição; e os dos cantos do Terreiro, Passo do Saldanha Sé, e mais cantos também entravam na liga (...)”
“(...) na mesma liga entravam os Índios e alguns mulatos, e crioulos de fora de cidade, e que os Índios diziam, que queriam a sua terra, que os Portugueses lhe tinham tomado (...)”
“Então lhes disse que se eles não faltassem à verdade que seriam premiados por sua Alteza Real e até Libertos, porém do contrário teriam um grande castigo”
“um grande levante imprevisto”
“confederados”
“cabeças da sedição”
"guerra contra os brancos"
"nação haussá"
“guerra”
“sedição”
“confederados”
“cabeças da sedição”
Conspiração dos negros Haussás
Elias Baptista Pereira de Araújo Lasso
Advogado do tribunal de relação da BahiaAntônio Garcez Pinto de Madureira
DesembargadorPortugal, ANTT, Casa Forte, 78, nº 11
SCHWARTZ, Stuart B. Canto e quilombos numa conspiração de escravos Haussás. Bahia, 1814. In: REIS, João José & GOMES, Flávio dos Santos (org.). Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo, Cia das Letras, 1996, pp. 390-392.
Os textos e as informações sobre esse documento disponíveis no site Impressões Rebeldes são de autoria de Clarissa Pires, Edilson Menezes, Hugo Fidalgo e Vinnícius Crespo, alunos do curso de graduação em História da UFF. Trabalho realizado para a disciplina “Revoltas e Revoluções na Época Moderna: Europa e Brasil Colônia” no 1º semestre de 2014.
Elias Baptista Pereira de Araújo Lasso, Array, , "NOTICIA DO LEVANTAMENTO DOS NEGROS PROJETADO NA BAHIA EM 1814". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/documento/noticia-do-levantamento-dos-negros-projetado-na-bahia-em-1814/. Publicado em: 31 de maio de 2022.