1821 / 1823
As regiões norte e sul de Goiás se desenvolveram, historicamente, de forma relativamente separada. A dificuldade de comunicação entre as partes devido ao extenso território fez com que as diferenças aumentassem, e assim cada parte se virou para um lado: o norte para as capitanias do Maranhão, Bahia e Pará, e o sul para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Isso fazia com que as regiões passassem a criar diferentes necessidades e demandas, que não conversavam entre si.
Devido a essas condições, foi criado um movimento separatista no norte, impulsionado em 1821 pelas lutas por emancipação do território brasileiro como um todo. Houve uma junção de duas causas: necessidade de separação do norte de Goiás frente ao sul e necessidade de independência do Brasil em relação a Portugal.
Nem todos os líderes separatistas, no entanto, estavam confortáveis com esta ideia conjunta. Um dos mais estudados, o ouvidor Joaquim Teotônio Segurado, apoiava a emancipação do norte mas se declarava subordinado às Cortes portuguesas. Há inclusive especulações sobre sua real intenção ao se insurgir: ele poderia estar apenas tentando obstruir o processo de independência brasileiro.
Segurado tenta sem sucesso depor o governador Inácio de Sampaio em agosto de 1821, mas consegue se tornar presidente do novo Governo Independente do Norte em setembro do mesmo ano. A separação, mesmo com altos e baixos, se mantém até 1823, quando o movimento independente nacional ganha mais força e Dom Pedro I se recusa a legitimar o governo nortenho, cujo líder nunca o havia apoiado.
É importante lembrar que, dentre esta e outras revoltas, o complexo processo de emancipação brasileiro passou por diversas batalhas regionais, que envolveram disputas sociais, militares e políticas que não se restringiram à Corte do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Tampouco se encerraram com o “grito do Ipiranga” em setembro de 1822.
Disputas importantes ocorreram em províncias mais afastadas, como a formação do popular Exército Libertador, o cerco às tropas portuguesas na Bahia em 1823 e, no mesmo ano, a batalha às margens do rio Jenipapo no Piauí, que juntou as forças locais às cearenses e maranhenses. No entanto, é apenas em 1825 e depois de muitas colisões entre os dois lados que Portugal finalmente reconhece a derrota por meio do Tratado de Paz, Amizade e Aliança.
2 anos de duração
Sem Nome, "Revolta separatista". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/revolta-separatista/. Publicado em: 22 de janeiro de 2025.