Revoltas

Conjuração e deposição do vice-rei D. Jorge de Mascarenhas

Capitania da Bahia de Todos os Santos (1534 – 1821)Salvador

Início / fim

janeiro de 1641 / 16 de agosto de 1642

Data aproximada

Como servir a dois senhores? Qual deles escolher? Possivelmente, estas foram perguntas feitas por setores da nobreza lusitana a partir de dezembro de 1640. Nesta data, o duque de Bragança tomou o trono de Portugal por meio de uma conspiração, encerrando seis décadas da união dinástica com a Espanha, período designado de “União Ibérica”.

A notícia da Restauração portuguesa atravessou o Atlântico e chegou a Salvador, capital do Brasil colônia, em fevereiro de 1641. À frente do governo geral do Brasil estava D. Jorge de Mascarenhas, nobre português com uma folha de serviços consistente que vinham sendo prestados ao rei da Espanha, Filipe IV, tendo governado as praças africanas de Mazagão e Tânger. A coroação de sua trajetória administrativa foi receber do soberano espanhol o governo-geral do Brasil, sendo o primeiro a usar o tratamento de Vice-Rei, em 1640.

Entretanto, as fortes relações com a Espanha fizeram pesar sobre D. Jorge (Marquês de Montalvão, graças ao título concedido pelo rei espanhol) várias suspeitas a respeito de sua intenção de aderir à monarquia portuguesa que acabara de ser restaurada. Alguns de seus filhos e um considerável número de nobres portugueses haviam emigrado para Madri, não aderindo à causa dos Braganças. Além disso, sua esposa era espanhola. E, para aumentar a desconfiança, tropas castelhanas estavam estacionadas na capital da colônia.

Apesar disso, o Marquês cumpriu o figurino: em Salvador, convocou as autoridades religiosas, a Câmara e os comandantes das tropas luso-brasileiras para conjecturar sobre as notícias que vinham de Lisboa. Ao fim, escudado nesses representantes do governo local, proclamou fidelidade ao novo rei, mandando divulgar a notícia para a população.

Mesmo com essa demonstração de rompimento com os espanhóis, o marquês continuou sob suspeição, afinal era um homem nobilitado pelo monarca espanhol. Diante disso, o jesuíta encarregado de trazer de Portugal para a colônia a notícia oficial da Restauração portava, secretamente, outra carta para as autoridades locais. Nesta D. João IV orientava que depusessem o vice-rei e assumissem interinamente o governo. Neste ambiente de conspirações, de fidelidades rompidas e criadas, talvez inspiradas pelo que se passou em Portugal onde o governo se estabeleceu justamente por meio de uma conspiração, D. Jorge Mascarenhas exalava traição. Diante disso, uma junta formada pelo bispo, pelo provedor-mor da Fazenda e pelo mestre de campo mais antigo tomaram a decisão de depor o Marquês de Montalvão, o enviando para Lisboa, às suas próprias expensas. Em breve, contudo, o Marquês seria reabilitado, vindo a fazer parte do Conselho de Estado e nomeado o primeiro presidente do Conselho Ultramarino em 1643.

Fernando Pitanga

doutorando do PPGH da UFF e colaborador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ-CNE/2018-2021

Números da Revolta

Aproximadamente 1 ano e sete meses de duração

Outras designações

Deposição do Marquês de Montalvão

Grupos sociais

Autoridades

Bibliografia Básica

BOXER, Charles Ralph. Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola 1602-1686. São Paulo. Brasiliana, 1973.

COSTA, Leonor Freire; CUNHA, Mafalda Soares da. D. João IV, Portugal, Temas & Debates, 2008.

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Como Citar

Sem Nome, "Conjuração e deposição do vice-rei D. Jorge de Mascarenhas". Impressões Rebeldes. Disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/revolta/conjuracao-e-deposicao-do-vice-rei-d-jorge-de-mascarenhas-em-salvador/. Publicado em: 05 de abril de 2022.