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Publicações


UM MOSTEIRO REBELADO: AS VÁRIAS FACES DA REVOLTA DAS MONJAS DE POITIERS NO SÉCULO VI

Edmar Checon de Freitas - Universidade Federal Fluminense

Uma rebelião de monjas sacudiu a parte sul da Gália em março de 589. Cerca de quarenta monjas abandonaram o mosteiro da Santa Cruz, em Poitiers, dando início a um longo e complexo conflito que se estendeu pelos meses seguintes, passando da insubordinação ao confronto armado.2 Explodiram nesse momento diversas tensões acumuladas há anos, envolvendo as relações entre bispos, monjas e o poder régio. Considerando esse quadro, o estudo de tal episódio apresenta-se como ocasião especial para penetrar no emaranhado das redes de relações de poder na Gália merovíngia, lançando-se alguma luz sobre os atores individuais e coletivos que delas participavam. Mas antes de entrar nos detalhes da revolta propriamente dita, vamos procurar situar o dito mosteiro no contexto da história política e religiosa da Gália merovíngia. [mais...]


O CICLO DAS NARRATIVAS ATLÂNTICAS: O DE CANARIA DE BOCCACCIO E O LE CANARIEN DE GADIFER E BÉTHENCOURT

Vânia Leite Fróes - Universidade Federal Fluminense

Nos últimos séculos do medievo a produção e a leitura dos textos de viagem constituíram uma prática recorrente nas sociedades urbanas, transformando-se numa verdadeira “moda de narrativa”. As grandes mudanças ocorridas na Cristandade a partir do século XIII possibilitaram a circulação dos homens em longa distância por rios, mares e por caminhos diversos. Entre estas transformações estão a consolidação dos mongóis à leste e os contatos maiores com o mundo asiático que alimentaram fantasias sobre as terras longínquas, como a Indica1, e os seres desconhecidos. Ao mesmo tempo, novas práticas de navegação impulsionaram o desejo de tornar presentes muitos sonhos, quer sejam as viagens, quer sejam as narrativas sobre elas. A expressiva circulação e recepção destes textos fazem-se num universo de fortes sensibilidades e de envolvimento, constituindo a narrativa um locus altamente favorável à inversão de valores, reordenação de conhecimentos e de novas leituras de tempo e de espaço. Estes relatos trazem para os historiadores informações relevantes sobre os processos diversos de atualização do imaginário e de construção de novos parâmetros identitários, reorientando ações e maneiras de agir com o diferente. [mais...]


O LIVRO DE HORAS DITO DE D. FERNANDO: MARAVILHA PARA VER E REZAR

Vânia Leite Fróes - Universidade Federal Fluminense

O leitor certamente já experimentou a sensação plena de deleite diante de uma imagem arrebatadora, como se o real superasse em grandiosidade e beleza qualquer fantasia. Este foi o sentimento que tive quando vi pela primeira vez um livro de horas medieval. Pequenas joias da iconografia, esses códices expressam um momento de grandes transformações no mundo medieval, em que a imagem desempenha papel de importância na estruturação de novos padrões mentais. São verdadeiras enciclopédias que contêm as representações do espaço, do tempo e dos valores básicos que organizam a cultura cristã. Muitos destes padrões inscrevem-se em longa duração, ultrapassando os tempos do medievo, chegando até hoje e dando-nos uma sensação de familiaridade. São expressões da própria ocidentalidade que o renascimento posteriormente refinou e consolidou. O tema aqui proposto é um estudo crítico preliminar do Livro de horas de D. Fernando, códice cuja procedência é, inegavelmente, da Biblioteca Régia de Portugal e que hoje faz parte do acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Este estudo aborda inicialmente o que chamei de “Primeiras questões”, uma reflexão sobre as relações do historiador com as imagens, situando a singularidade das percepções daquilo que Jean-Claude Schmitt propôs chamar de Imago1 na Idade Média. [mais...]


VIAGENS E ESPAÇOS IMAGINÁRIOS NA IDADE MÉDIA

O tema das viagens e deslocamentos na Idade Média tem sido alvo de estudos inovadores, tanto nos seus aspectos culturais quanto socioeconômicos. A riqueza do tema e as inúmeras possibilidades de abordá-lo têm acumulado no universo da medievística uma grande variedade de trabalhos que vão desde as questões suscitadas em torno do imaginário como também das construções identitárias, inúmeras vezes estudadas a partir do seu oposto, as alteridades. Antes de se pensar no tema concernente às viagens na Idade Média, é necessário desvincular a noção de viagem na contemporaneidade, da forma como era concebida nesse período. Em primeiro lugar, despojar-se inteiramente da ideia de um mundo estático, com poucos deslocamentos e contatos. Pressuposto equivocado, pois a farta documentação dos relatos de viagem, dos registros e guias desmentem tal ideia. Na Idade Média, viajou-se e muito. Uma segunda questão diz respeito à noção de viagem no mundo moderno. Em primeiro lugar não há na Idade Média vocábulo nas línguas da Latinidade que possam corresponder ao nosso entendimento contemporâneo. Mesmo a expressão viator para o viajante tem múltiplos sentidos. Um deles é exatamente o que articula o termo Voyage (bem posterior) a um vasto campo semântico. O termo tanto pode designar o deslocamento, a passagem da vida para a morte, os lugares das utopias ou grandes construções escatológicas, assim como uma [mais...]


GREGÓRIO DE TOURS E A SOCIEDADE CRISTÃ NA GÁLIA DOS SÉCULOS V e VI

Edmar Checon de Freitas - Universidade Federal Fluminense

As Histórias, escritas por Gregório de Tours, constituem uma das mais importantes fontes para o estudo da Gália no século VI. Neste livro, o historiador Edmar Checon de Freitas analisa a obra como portadora de um projeto para o mundo em que vivia seu autor. Tal desenho consistia em promover o ordenamento cristão da sociedade, mediante a articulação entre estruturas políticas e eclesiásticas, bem como definir o padrão de conduta aplicável a todos os integrantes da sociedade. No prefácio, a historiadora Vânia Leite Fróes declara que esta obra "é um belo exemplo de que texto erudito pode ser agradável e, sobretudo, claro em sua exposição". [mais...]


VERBETE CLOVIS - DICIONÁRIO: CEM FRAGMENTOS BIOGRÁFICOS

Edmar Checon de Freitas - Universidade Federal Fluminense

Apresentação e discussão da trajetória do rei franco Clóvis (481-511) páginas 53-58 [mais...]


ENTRE PALAVRAS, RELÍQUIAS E MILAGRES: A PROPÓSITO DA OBRA HAGIOGRÁFICA DE GREGÓRIO DE TOURS páginas 131-144

Edmar Checon de Freitas - Universidade Federal Fluminense

No prefácio do primeiro dos quatro livros que compõem os Milagres de São Martinho [mais...]