Cruz e Sousa

ALVES, U.F. Cruz e Sousa: Dante negro do Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2008. CARVALHO, M.A.R. de. Três pretos tristes: André Rebouças, Cruz e Sousa e Lima Barreto. Topoi, Rio de Janeiro, v. 18, n. 34, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/topoi/a/9V6qKsbVrSQ5jbCNhLpNb8f/?lang=pt. Acesso em: 30 nov. 2022.
NETO, Godofredo de Oliveira. Cruz e Sousa. O Poeta Alforriado. Rio de Janeiro, Garamond, 2008
PRANDINI, Paola. Cruz e Sousa- retratos do Brasil negro. São Paulo, Selo Negro Edições, 2011.
SOPHIA, D.C.; RANGEL, R.F. Inventário do Arquivo Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Fundação Rui Barbosa, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/casaruibarbosa/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/pdfs/copy6_of_INVENTRIODOARQUIVOCRUZESOUSA_PDF_2021.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022.
Cruz e Sousa
1861-1898, Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, Brasil
Poeta, escritor, abolicionista, principal nome do Simbolismo brasileiro
João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861 na cidade Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis (SC). Filho de Guilherme de Sousa e Carolina Eva da Conceição – ambos escravizados alforriados – João da Cruz e Sousa era um negro retinto que, segundo a bibliografia, recebeu seu nome em homenagem a São João da Cruz. Seus pais trabalhavam na casa do marechal Guilherme Xavier de Sousa, sendo Guilherme mestre pedreiro e Carolina doméstica e lavadeira. A família – constituída pelo casal, João e seu irmão caçula, Norberto – morava nos porões da casa de seu antigo senhor e a esposa do marechal, dona Clarinda Fagundes de Sousa, foi quem ensinou as primeiras letras do alfabeto a João.
Aos 8 anos de idade, João da Cruz e Sousa estudava na instituição pública Escola do Velho Fagundes e já apresentava habilidades incomuns no mundo das letras. Ele se apresentava em salões, concertos e teatrinhos recitando poesias de sua autoria com particular desenvoltura. Em 1874, Cruz e Souza e seu irmão passaram a frequentar a instituição particular Ateneu Provincial Catarinense, onde eram bolsistas. Durante sua permanência na instituição, Cruz e Souza fundou, juntamente com seus amigos Virgílio Várzea e Santos Lostada, o jornal literário Colombo e, posteriormente, o grupo literário “Ideia Nova”. Nesse período ele também atuava como professor particular.
Após terminar os estudos, Cruz e Sousa saiu da casa de seus pais e foi morar com a família de seu amigo, Virgílio Várzea, na Capitania dos Portos. O jovem escritor passou a trabalhar como secretário e ponto da Companhia Dramática Julieta dos Santos. Como membro dessa companhia, viajou por toda a região Sul do país e teve expressivas passagens nos estados do Nordeste. Nestes estados, participou, inclusive, de algumas conferências abolicionistas. Sua atuação com a companhia permitiu que o escritor produzisse poesias e textos diversos que foram dramatizados pelo próprio grupo em suas viagens. Nesse contexto também se deu o contato do escritor com o movimento parnasiano.
Em 1883, o presidente da província de Santa Catarina, Luís da Gama Rosa, nomeou Virgílio como oficial de gabinete e passou a ter contato com Cruz e Sousa – por quem desenvolveu forte apreço. O presidente da província nomeou então Cruz e Sousa como promotor público de Laguna. Impedido de assumir o cargo, possivelmente por sua cor e origens, o jovem retornou ao Nordeste onde recebeu homenagempor sua atuação na luta abolicionista. Aos 23 anos, Cruz e Sousa escreveu sua primeira obra, Cambiante e seus poemas desse período chegaram a periódicos importantes da época, como Regeneração e Jornal do Commercio.
Em conjunto com seu amigo e parceiro intelectual, Virgílio Várzea, publicou Tropos e fantasias, em 1885. E, com a dissolução da companhia de teatro, criou o periódico O Moleque, em maio do mesmo ano, tornando-se seu redator. Com o fim deste periódico, Cruz e Sousa passou a atuar no jornal O Abolicionista, lançado em 25 de novembro de 1885. Nesse período colaborou igualmente com o Tribuna Popular. Ao longo de 1886, Cruz e Sousa decidiu viajar pelo Brasil e, ao retornar da viagem, em 1887, trabalhou na Central de Imigração. Neste mesmo ano, o escritor decide se estabelecer no Rio de Janeiro e, após a Abolição em 1888, foi morar na casa do amigo Oscar Rosas.
Em 1889, retornou a Nossa Senhora do Desterro por não ter conseguido colocação na cidade carioca. Porém retorna de forma definitiva ao Rio em 1890. Nesse período colabora com a Revista Illustrada – de Ângelo Agostini – e com Cidade do Rio – de José do Patrocínio. Em 1893 publica Missal e Broquéis e – em plena Revolta da Armada – casa-se com Gavita Rosa Gonçalves. Ainda em 1893, o escritor foi nomeado praticante de arquivista da Central do Brasil e casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, mulher que teve uma vida difícil, marcada por empregos subalternos, o que, junto com o racismo, a levou à loucura., sobretudo com a morte prematura de dois filhos do casal.. Em 1896, enfrentou a morte de seu pai. O escritor catarinense faleceu em 19 de março de 1898, na província de Minas Gerais.
Obras e publicações de Cruz e Souza:
Macário (Teatro, reccurci do drama de Álvares de Azevedo) – Em colaboração com Virgílio Várzea (Desterro, 1875)
Julieta dos Santos: homenagem ao gênio dramático brasileiro – Em colaboração com Virgílio Várzea e Santos Lostada (1893)
Cambiantes (1884)
Calembur e trocadilhos. (Teatro) – Em colaboração com Moreira de Vasconcelos (São Luís do Maranhão, 1884)
Tropos e fantasias – Em colaboração com Virgílio Várzea (1885)
Missal. Rio de Janeiro: Magalhães & Cia. (1893)
Broquéis. Rio de Janeiro: Magalhães & Cia. (1893)
Evocações. Rio de Janeiro: Magalhães & Cia. (1898)
Antologias e publicações póstumas:
[Informação retirada do site Literafro, disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/206-cruz-e-sousa]
Tropos e fantasias. Colaboração de Virgílio Várzea. Desterro: Typographia da Regeneração, 1885.
Faróis. Rio de Janeiro: Tipografia do Instituto Profissional, 1900. (Poemas)
Últimos sonetos. Paris: Aillaud & Cia, 1905. (Poemas)
Obras completas. I Poesias: Broquéis, Faróis, Últimos sonetos. Rio de Janeiro: Anuário do Brasil, 1923. II Prosa: Missal, Evocações. Rio de Janeiro: Anuário do Brasil, 1924.
Obras. Tomo I. Versos: Broquéis, Faróis, Últimos sonetos, Poemas avulsos. São Paulo: Edições Cultura, 1943.
Obras. Tomo II. Prosa: Missal, Evocações. São Paulo: Edições Cultura, 1943.
Poesias completas. Rio de Janeiro: Editora Zélio Valverde, 1944.
Obras poéticas. I Broquéis e Faróis. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1945.
Obras poéticas. II Últimos sonetos e Inéditos e dispersos. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1945.
Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1957. (Coleção Nossos Clássicos).
Sonetos da noite. Seleção de Silveira de Souza. Florianópolis: Edições do Livro de Arte, 1958.
Obra completa. Organização, introdução, notas, cronologia e bibliografia por Andrade Muricy. Edição comemorativa do centenário. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1961.
Poesia completa. Introdução de Maria Helena Camargo Régis. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1981.
Evocações. Apresentação de Esperidião Amin Helou Filho. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1986. (Edição fac-similar)
Cruz e Sousa: poesia completa. Introdução e organização de Zahidé L. Muzart. 12a ed. Florianópolis: FCC; FBB, 1993.
Poemas. Lima, Peru: Centro de Estudios Brasileños, 1980.
Poemas. Organização de Eglê Malheiros. [s.l.]: [s.n.], 1998.
Melhores poemas. Organização de Flávio Aguiar. [S/l.]: [s.n.], 1998.
Poemas inéditos. Organização de Uelinton Farias Alves. Florianópolis: Papa-Livro, 1996.
Obra completa: Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.
Dispersos: poesia e prosa. Organização de Iaponam Soares e Zilma Gesser. São Paulo: Editora Unesp, 1998.
Formas e coloridos. Florianópolis: Papa-Livro, 2000.
Poesia interminável. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2002.
Últimos sonetos [Livro eletrônico] Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2002.
Obra completa: poesia. Organização de Lauro Junkes. Jaraguá do Sul: Avenida, 2008.
Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Organização de Eduardo de Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. (v. 1, Precursores)
Últimos inéditos: prosa & poesia. Coordenação de Uelinton Farias Alves Belo Horizonte: Nandyala, 2013.