Luiz Gama

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FERREIRA, Ligia.F. Um abolicionista leitor de Renan. Estudos Avançados, São Paulo, v. 21, n. 70, 2007.
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SILVA, J.R. da. Gama e suas poesias satíricas. Rio de Janeiro: Editora Casa do Estudante do Brasil, 1954.
Filme: Doutor Gama. (1h 32 minutos), 2021. Diretor: Jeferson De
Luiz Gama
1830-1882, Salvador, Brasil
Advogado, escritor, abolicionista
Filho de Luiza Mahin – mulher negra africana livre – e um fidalgo português de identidade desconhecida, Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu no dia 21 de junho de 1830 em Salvador, na província da Bahia. Pouco se sabe a respeito da sua infância. No entanto, a partir de cartas escritas pelo próprio poeta direcionadas a seu amigo Lúcio de Mendonça, pode-se afirmar que Luiza Mahin atuava como quitandeira na província e teria deixado a região em direção ao Rio de Janeiro por volta de 1837, no contexto da Revolta da Sabinada (1837-1838). Luiza teria deixado seu filho aos cuidados do pai, que na época estaria em boas condições financeiras, tendo em vista o recente recebimento de uma herança. No entanto, por volta de 1840, o pai já vivenciava dificuldades financeiras e teria vendido o seu próprio filho como escravo a fim de sanar suas dívidas.
Luiz Gama teria sido vendido para o contrabandista Antônio Pereira Cardoso quando tinha cerca de 10 anos. O menino teria seguido com o contrabandista em direção a São Paulo, e acabou por ficar instalado em sua casa, onde foi destinado aos serviços domésticos. Na casa de Cardoso, Luiz Gama teve contato com as letras e conhecimentos nas áreas de história, português e latim por intermédio de um hóspede que morava com a família. Rapidamente, o jovem baiano assimilou as orientações de seu professor, impressionando aos que estavam ao seu redor e estudando Direito por conta própria.
A partir desses ensinamentos, aos 18 anos, Luiz Gama reivindicou sua própria liberdade. Argumentou – junto ao Governo da Província de São Paulo – que, sendo sua mãe livre, ele não poderia ser considerado escravo, conquistando, assim, sua alforria. Em 1848, o jovem baiano assentou praça, sendo soldado por 6 anos. Durante esse período, autuou como copista, escrevendo. Acabou sendo dispensado do serviço militar em 1854, quando ficou preso durante 39 dias por insubordinação. Em 1856 é nomeado amanuense da Secretaria da Polícia, o que teria aprofundado suas habilidades de escritor.
Em 1857, Luiz Gama conheceu Claudina Fortunata Sampaio, com quem conviveu maritalmente durante mais de 12 anos. Em 1859, publicou a primeira edição de sua primeira obra Primeiras trovas burlescas de Getulino. Esse também é o ano de nascimento de seu filho com Claudina, Benedito Graco Pinto da Gama. Nos anos iniciais da década de 1860, Luiz Gama também passou a ser colaborador assíduo do periódico Correio Paulistano. Além disso, o escritor fundou, juntamente com o caricaturista Ângelo Agostini, o periódico Diabo Roxo, e colabora com o Cabrião. Em 1868, Luiz Gama foi um dos membros fundadores do Clube Radical Republicano. Neste clube será fundado o periódico Radical Republicano – com o qual também colaboravam Castro Alves, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa. Neste mesmo ano da fundação do periódico, em 1879, Luiz Gama torna-se “advogado provisionado”.
Ao longo de toda a década de 1860, Luiz Gama tem intensa atuação advocatícia em inúmeros processos relacionados a escravizações ilegais de africanos, sendo responsável por libertações de mais de 300 pessoas . A Loja Maçônica América – da qual o escritor fazia parte – esteve envolvida em muitos desses processos financiando, aliás, muitas alforrias, assim como iniciativas educacionais voltadas para os negros escravizados e livres do período. Na sua atuação jurídica, Luiz Gama confrontou inúmeras vezes o juiz Antônio Pinto do Rego Freitas. Em virtude de seus eloquentes e críticos discursos sobre a conduta do citado juiz nos processos de escravização ilegal, o jornalista foi demitido de seu cargo de amanuense, em novembro de 1869, acusado de destratar o magistrado e proteger escravos fugidos. Em 1876, o jornalista se tornou redator do periódico O Polichinelo. Em 1880, colaborou com o recém-fundado Gazeta da Tarde. Em 1882, meses antes de seu falecimento, Luiz Gama fundou o Centro Abolicionista de São Paulo. Luiz Gama morreu em 24 de agosto desse ano em decorrência da diabetes, mal incurável na época. Seu sepultamento aconteceu em São Paulo e foi acompanhado por centenas de pessoas.
Primeiras trovas burlescas de Getulino (1859)