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Dossiê: Modernização Conservadora no Brasil (XIX-XXI)

Organizadores: Thiago Alvarenga (PPGH-UFF) e Thiago Mantuano (PPGH-UFF)

No primeiro semestre de 2017, as manchetes de todos os jornais de grande circulação do país insistiram na afirmação de que a Reforma Trabalhista traria facilidades aos patrões e aos trabalhadores, pois permitiria a geração de emprego e renda a partir de uma “legislação moderna”. Entretanto, a lei 13.467/2017, aprovada em julho, trouxe como consequência o inverso dos objetivos anunciados: desemprego, rebaixamento de salários e precarização das relações laborais. O patronato, por sua vez, foi agraciado com novos instrumentos de pressão que proporcionaram o enfraquecimento dos sindicatos e a ampliação da vulnerabilidade tanto dos trabalhadores legalmente empregados, quanto daqueles que recorrem à informalidade como alternativa de sobrevivência.

Ao longo do século XIX, diferentes frações da classe dominante construíram um pacto cujo os objetivos eram a formação de um Estado Nacional e sua subsequente integração à Divisão Internacional do Trabalho. O intenso aperfeiçoamento das infraestruturas de transportes, comunicações, comércio, financeiras e produtivas, bem como a transformação de boa parte do arcabouço jurídico-político do Império e da República, renovaram os instrumentos de dominação que viabilizaram a manutenção das classes dominantes enquanto tais. Estes diversos processos de modernização pelos quais as formações sociais do Brasil passaram contribuíram decisivamente para uma industrialização que não ameaçou a ordem político-social vigente. Os privilégios das tradicionais classes dominantes do país foram mantidos.

Neste sentido, entendemos que a Revolução Burguesa no Brasil é permanentemente pactuada com os segmentos latifundiários, não se mostrando capaz de abrir mão totalmente da estrutura escravista e dependente que a sustenta. Ou seja, essa Sociedade Ornintorrinco, em que o “progresso” e o “atraso” se retroalimentam dialeticamente, busca aprimorar a dominação de classe tanto no espaço urbano, quanto no rural. Modernização Conservadora no Brasil se define, portanto, não como conceito explicativo de nossa industrialização, mas como uma chave explicativa para o entendimento de diversos processos históricos de mudança em nossa sociedade. Pensado no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas Eulália & Bárbara, o objetivo desse dossiê é congregar esforços de pesquisadores que se debruçaram sobre a longa tradição brasileira de mudanças cuja finalidade última é tão somente a manutenção e/ou aprofundamento do status quo.

Assim, a Revista Cantareira – periódico do corpo discente da Universidade Federal Fluminense – convida à chamada de artigos para a sua 29ª. edição. Excepcionalmente, não receberemos, nesta edição, artigos livres e resenhas. Todavia, reforçamos que a existência da recepção em fluxo contínuo possibilita a análise e possível publicação em números posteriores.Aos que tiverem interesse em colaborar, as normas e processo para publicação estão elencadas em https://goo.gl/xapk89.

Os artigos para o dossiê devem ser enviados, exclusivamente, para o e-mail dossiecantareira@gmail.com até o dia 29 de julho de 2018.