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Dossiê: História e Representações da Antiguidade

Organizadora: Mariana Figueiredo Virgolino (Doutoranda, Universidade Federal Fluminense)

O esforço para compreender as representações sociais está presente desde a gênese das Ciências Sociais, especialmente a Sociologia. Émile Durkheim foi um dos primeiros autores a chamar atenção para as representações coletivas, construções que possibilitam entender a realidade que nos cerca, formando a cultura e a coesão social, ditando os parâmetros para a vida em sociedade e sendo um espelho dos grupos sobre si mesmos. Os debates sobre as representações ganham novo fôlego com a Psicologia Social, especialmente com as contribuições de Sergio Moscovici, que define as representações sociais como conhecimentos que permitem que indivíduos numa sociedade se comuniquem e teçam comportamentos passíveis de serem compreendidos.

Na historiografia, a preocupação com as construções coletivas teve uma grande repercussão na produção dos historiadores franceses. A História das Mentalidades dialogou com outras ciências numa tentativa de compreender o universo simbólico e o comportamento das pessoas comuns em um contexto de longa duração. Apesar das inúmeras críticas que sofreu, alguns dos pressupostos das Mentalidades ainda reverberam na História Cultural, na História das Ideias e em outros ramos da pesquisa histórica.

Em relação às sociedades antigas, o que chegou até nós pelas fontes escritas são suas representações, geralmente produzidas por homens de grupos influentes política e economicamente, que tinham mais acesso aos meios necessários para transmitir suas ideias e ideais acerca da sociedade em que viviam e também suas percepções de outras culturas. Mas como podemos acessar as visões de segmentos sociais que não tiveram recursos para se eternizarem sob a forma textual? Nesse sentido, a Arqueologia tem dado contribuições inestimáveis no que diz respeito às informações legadas através da cultura material. Essas perguntas nos levam a propor outras: quais são os limites dos estudos sobre a Antiguidade no Brasil? Há uma especificidade sobre o conhecimento histórico da Antiguidade que é produzido aqui? Quais as dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores brasileiros que se dedicam às sociedades antigas e como podemos superá-las? Há mesmo quem pergunte: é possível realizar estudos de impacto sobre culturas como a egípcia, a celta, a romana e tantas outras no Brasil?

Por acreditarmos que esse último questionamento tem uma resposta positiva, a Revista Cantareira – periódico do corpo discente da Universidade Federal Fluminense – convida à chamada de artigos para a sua 22ª edição, cujo dossiê é intitulado “História e Representações da Antiguidade”. Com essa edição objetivamos oferecer uma oportunidade para os pesquisadores exporem suas investigações sobre a política, a economia e o cotidiano dos povos antigos e incentivar a produção brasileira na área, mostrando que a análise dessas sociedades permite exercitar a alteridade necessária para pensar e compreender nosso próprio contexto histórico.

A revista, além dos artigos conexos ao dossiê, também aceitará textos para a seção livre, resenhas e transcrições comentadas sobre variadas temáticas. Aos que tiverem interesse em colaborar com a edição, as normas de publicação estão elencadas em http://www.historia.uff.br/cantareira. O prazo para o envio de artigos se encerra no dia 31 de julho de 2015.